quinta-feira, 14 de julho de 2011

Allons enfants!

Quem não era serial killer das aulas de História sabe que hoje se celebra a Queda da Bastilha (lembra? quando a Revolução Francesa berrou um tá-tudo-dominado na prisão-símbolo do antigo regime). Dia de olhar com fúria e faca no dente para nossas bastilhas de bolso, para as cadeias particulares que criamos (ou que nos criam) em cativeiro. Hora de alumiar com archotes nossos corredores mofados, libertar os vexames que trancamos em máscaras de ferro, invadir nossas penitenciárias de pedra. Botar moral na gente mesmo.

O pânico de aeroporto que lhe decepa as asas, por exemplo. Analista nele. Naah, nem pense em folhear essa agenda: hoje!

A declaração sempre engolida em seco, porque a moça é omelete demais para a sua frigideira. Meu filho, escute tio Machado: antes cair das nuvens que de um terceiro andar. Mete bronca.

O receio de ser preterido por um profissional dez anos mais velho ou três salários mais novo. Cair das nuvens (ou de um terceiro andar) é que a vaga não vai. Tá aqui, ó, o envelope pro currículo; o RH é na primeira à esquerda.

Ressentimentos cheirando a naftalina? lixo. Preconceitos herdados? lixo tóxico. Orgulhos adquiridos? leitura. Autoestima no pé? trabalho voluntário. Autoestima no céu? trabalho voluntário. Dependências de corpo? clínica e vontade. Dependências de bolso? vontade e poupança. Dívidas? poupança. Dúvidas? vontade. Terrores diurnos? pó de fada e pensamentos felizes. Noturnos? caráter gordo e ceia leve. Saudade? carta. Confissão? e-mail. Pendência? telefone. Perdão? abraço – estão para inventar delivery melhor.

Seja qualquer a certeza, natureza ou Marselhesa da revolução em miniatura, é pegar na nhanha, agarrar pelo chifre, partir para a saudável ignorância com nossas covardias pasmadas – agora, agora, anteontem, mês passado, quem sabe não espera acontecer. Fora os murinhos de Berlim que nos apartam de nós, fora os fossos que nos empurram do mundo, fora as masmorras em que nos torturamos, fora os feudos em que nos absolutizamos. Guilhotina nas autoinvenções que separam a vida tida da tão longamente querida. Agora, hoje, sem malas prontas, sem folheadas de agenda. Le jour de gloire est arrivé.

8 comentários:

Unknown disse...

Belo Blog parabéns
Muito Interessante

http://lrfilmes2011.blogspot.com

Anônimo disse...

viva la revolucion
auhauha
muito dom o post
=)
http://meninos-cor-de-rosa.blogspot.com/

Nubia Santos disse...

Adoreiiii , esse post ! Muito bom ;)

Dreamer Girl disse...

Ah Fernanda... Eu realmente gosto de vir aqui no teu blog. Você escreve cada texto mais lindo que o outro.

Beijos.
http://olhareseleituras.blogspot.com/

Luís Paz disse...

Muito bom texto, bela maneira de expor a opinião e o conteúdo.

To te seguindo, se puder me segue e comenta *-*

www.luliskd.blogspot.com

Marcus Alencar disse...

Gostei como foi apresentando o tema de forma envolvente e trazendo isso para os dias de hoje. Isso reforça ainda mais a idéia de que o passado tem muito a nos ensinar pois suas marcas estão presentes até hoje.

Luana Feres disse...

Eu realmente gosto do que você escreve. Eu já disse isso, não disse? Na boa, você é melhor que um bocado de autor brasileiro que quer fama e que escreve forçado. Parece de verdade que você sente prazer ao escrever e isso é mega importante.
Seus textos me fazem pensar, haha. Isso soa idiota, mas é isso aí.

Beijos
Mulher gosta de falar

Mariana disse...

Já passou da hora da gente destruir as bastilhas da nossa vida, não é? ;)

Ótimo blog, sucesso!

Mariana
http://www.aescritora.com/literando