sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Eu prometo

Então é assim: voltei. Três meses redondinhos de férias, como nos tempos de aluna – tempos anteriores à crença tonta de que mais dias letivos fazem o milagre do conhecimento. Naquelas boas épocas, metíamos a cara saudavelmente no estudo, em período previsto, e bem nos sobravam quatro meses com folga (um trio deles no fim do ano, uma unidade no meio) para brincar gordamente. Pois: acredito em férias longas, incapazes de serem excessivas. Acredito em apertar um stopão quando a atividade, forçada ou escolhida, começa a nos arrancar o ar. A roubar posses de tempo, a chacoalhar prioridades antes inextinguíveis.

Acredito em respirar na marra – muito especialmente quando vira artigo de luxo.

Vai daí que eu, doravante, não mais prometo postagens diárias sem dar aquela cruzadita nos dedos. Juro desjurando. Não prometo largar sempre o cesto de roupa suja em solidão pidona; não prometo empurrar a criação de provas bimestrais para as madrugadas de computador; não prometo abandonar as leituras de metrô (felizes!) pelas odiosas, corridas, ensandecidas rabiscações a caneta, entre estação e outra. Prometo escrever no que escrever tem de alegre e livre, de leve e divertível, de suave e tesudo. Prometo não escrever assim que o escrever virar estreitamento de glote, engaiolamento de prazo, sufocamento de horário, desespero dos poucos segundos vagos de escola ou vazios de casa. Prometo.

Logo que puder, descumpro.

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