segunda-feira, 10 de abril de 2017

39 verdades e 1 mentira

Tenho cinco cores preferidas, nenhuma das quais foi usada nas paredes aqui de casa que fogem do bege. Sempre achei mais fofildas as bonecas pretinhas. Eu jamais teria ficado com o Raoul: viveria subterrânea e lovemente com o Fantasma da Ópera. Eu provavelmente adotaria uma criança se quisesse ter filhos, mas, infelizmente, a ideia da maternidade me aterroriza. Meu personagem amado de Criminal minds é o genial, avoado e franzino Spencer Reid. Sofro de uma incompetência vergonhosa em me localizar. Se fosse escolher dois superpoderes impossíveis: eu me teletransportaria e seria capaz de persuadir pessoas com um toquezinho. Amo as Audreys – Hepburn e Tatou. Adoro os rosas – flor, cor, Noel, Samuel, Murilo, Guimarães. Lá pros 13 anos, deixei o aparelho móvel cair numa poça da rua. Passei de isentona desinformada a esquerda consciente e convicta.

Já cinderelei duplamente numa festa junina dos primeiros anos de escola: consegui perder os dois sapatos na quadrilha. Gosto montes de dançar, mas não espere que eu saia à noite, baby. Misturo termos de outras dimensões e outras línguas porque um só idioma é cheio de insuficiências. Dificilmente uso caneta que não de quatro cores. Não acredito em horóscopo, então a informação de que alguém é taurino com ascendente em Leão e lua em Capricórnio soa, para mim, como o teorema de Pitágoras explicado em sânscrito. Já comprei livro de esperanto em um sebo de rua com o único fim de achar nomes legais para personagens. (Entretantomente, tenho uma preguiça monstro de escrever ficção.) Eu dizia que iria fazer mestrado, mas agora penso what the hell e sinto friacas de horror ao lembrar o dialeto acadêmico. Um dia considerei bonitas as mesóclises cafonééééérrimas. De esporte, só tolero ginástica olímpica e patinação no gelo (para assistir sentadinha, é claro).

Nunca tive uma Barbie. Nunca viajei sozinha. Nunca li Macunaíma. Meu cabelo é virgem. Não sei fazer as unhas. Não gosto nadinha de macho alfa. Não sou fã de lasanha. Meu organismo tem antipatia por lactose. Entrei pela primeira vez no Maracanã aos 24 anos. Outro dia sonhei que um cara dentro do metrô me entregava 200 euros (estou aceitando). Odeio palmito. ODEIO cigarro. Aprendi a gostar de (algumas) sopas. Olho tanto homens quanto mulheres quando são bonitos, pela paixão purinha das coisas bonitas. Sou mais de acarinhar do que de ser acarinhada. Sou louca em tecidos orientais. Levo garrafinha d’água na bolsa o tempo todo. Sento sempre na ponta porque, com a timidez dos livres, curto poder voar sem incomodar ninguém.

(Uma mentirice só, que também incomoda nada: essa datazinha 10 aí da publicação. O texto nasceu depoooois, preguiçoso, macunaímo, inocente e pós-datado. Mas que voe agora, que é quando ficou sendo – voe este filho todinho eu, gêmeo meu com ascendente em insuficiências.)

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